CO-2342
Jobim, José. [Carta] 1930 jul. 29, Berlim [para] Candido Portinari, Paris. 2 p. [manuscrito]
Portinari
Paris é uma aldeia, comparado com Berlim. Isto aqui é grande. Até a chuva parece ser diferente. Mais macia, menos impertinente que a daí.
Você precisa vir para cá. Freqüentar o El Dorado, a fim de exercitar-se no fanchonismo. Tem guris admiráveis, vestidos de mulher, custa-se a identificar-lhes os sexos. As alemãzinhas andam de bicicleta, de meia curta, mostrando as [ilegível] rosadinhas. Um paraíso, finalmente. Falta apenas o Palaninho, para comentar tudo isto.
Bopp já partiu? Diga-lhe que o Koels manda-lhe um abraço. A correspondência dele está já retida aqui no Consulado.
Sergio manda-lhe um abraço. (Pra você e pra ele). Ainda não estive com o Falcão.
Adeus. Um grande abraço no Sotero. Lembranças à Fernanda.
Do amigo
Jobim
(Vire)
E a entrevista? Já estou fazendo jus a recebe-la, não? Somos ou não somos irmãos em Appollo?
Não se esqueça da correspondência no Consulado. Caso apareça algum registrado, o que julgo difícil, V. terá mais um trabalho: meter o registrado dentro de um outro envelope e despender 1F. 50. Só devo, porém, receber o Diário da Manhã, por intermédio do Consulado.
Trepei numa alemãzinha muito boa. 15 marcos. Uma merda, o dinheiro aqui.
Um outro abraço do
Jobim
Não core com a pornografia.
J
Endereço: Brazilianische Konsulat, Kurfunstendanem, 169-170 Charlottemburg.
Berlim.