A carregar

Planta de Goa

Autor desconhecido; Reprodução da gravura de Linschoten1750

Museu do Oriente

Museu do Oriente
Lisboa, Portugal

Gravura da planta de Goa mais antiga que chegou até nós data de 1595 e deve-se a um holandês Jan Huygen van Linschoten (1563-1611). Homem pragmático, partiu para Lisboa com o objectivo de fazer fortuna, razão que o leva também a embarcar na nau da Primavera de 1583 com a intenção de se insinuar junto do dominicano D. Frei Vicente da Fonseca, nomeado por Filipe I (r. 1581-1598) para arcebispo de Goa. É o holandês a confessar, no seu Itinerário, que a tarefa não foi muito difícil e que antes de chegar à cidade do Mandovi já se encontrava ao serviço do prelado. Enquanto criado de Frei Vicente, chegou a seu secretário e guarda-livros. Foi esta proximidade com um dos mais influentes poderes de Goa e o tempo que aí viveu que permitiu a Linschoten recolher todo o material cartográfico, itinerários, cartas e instruções náuticas, bem como eventual documentação secreta (ou pelo menos reservada), e assim escrever a narrativa que ainda hoje é uma fonte fundamental para conhecer a presença portuguesa na Ásia (mesmo que o próprio tenha recorrido a textos de origem portuguesa para a descrição dos locais aonde não tinha estado) e que fez acompanhar por uma série de 39 gravuras e mapas (também estes largamente baseados em originais portugueses).
Uma das razões pelas quais a informação contida nesta planta se revela tão valiosa e interessante prende-se com o facto de reproduzir documentação de Bartolomeu Lasso, entretanto desaparecida. Publicado em Amesterdão em 1596, o Itinerário tornou-se num livro de referência, sendo rapidamente traduzido para inglês (1598), para alemão (1598-1600), para latim (1599) e para francês (1610), assistindo a múltiplas edições e à publicação de excertos em colectâneas e relatos de viagens de carácter mais popular e/ou abrangente sobre os descobrimentos europeus. Esta reprodução parisiense da primeira planta de Linschoten foi inserida num desses títulos abrangentes (Histoire générale des voyages, ou nouvelle collection de toutes les relations de voyages par terre et par mer, Paris, Chez Didot) que pretendiam fornecer uma “história das narrativas das viagens por terra e por mar”. Nela foi omitida a legenda original em latim e holandês, o título da planta e a laudatória dedicatória ao cardeal-arquiduque e vice-rei de Portugal, Alberto da Áustria. Omite, também, as cartelas simétricas onde se inscrevia a figura de Santa Catarina, o escudo com a roda do seu suplício e o escudo de Portugal.
A legenda desta planta, que traduz a original, ocupa grosso modo o mesmo local e espaço que a legenda do mapa de Linschoten, ainda que a cartela seja diferente. Identificados estão uma série de edifícios e lugares, alguns deles erroneamente interpretados (como por exemplo. Marché de Saint François [nº12] por São Francisco que identificava o sítio do convento) ou errados (como a denominação de Marché au Poisson [nº7] por Bazar Grande), o que atesta a mera função “decorativa” da planta no âmbito da obra que a publica. Este espécime, cujo original é o mapa da autoria de Jacques Nicholas Bellin, engenheiro hidrográfico de Luís XV de França, remete-nos para algumas das questões relacionadas com a representação da iconografia urbana, desde cedo associada à literatura de viagens.
Carla Alferes Pinto in catálogo Presença Portuguesa na Ásia, Museu do Oriente, 2008, p. 27-28

Mostrar menosLer mais
  • Título: Planta de Goa
  • Criador: Autor desconhecido; Reprodução da gravura de Linschoten
  • Data de Criação: 1750
  • Localização: Paris
  • Dimensões físicas: 21,8 x 36,5 cm
  • Tipo: Gravura
  • Link externo: http://www.museudooriente.pt/
  • Direitos: Fundação Oriente - Museu do Oriente
  • Material: gravura colorida sobre papel
  • Fotógrafo: Image by Google
Museu do Oriente

Obter a aplicação

Explorar museus e desfrutar de funcionalidades como o Art Transfer, o Pocket Galleries e o Art Selfie, entre outras

Página Inicial
Descobrir
Reproduzir
Próximo
Favoritos