Esta cabeça manifesta uma diferença declarada relativamente às outras: não será tanto a máscara africana que está na sua origem mas um vincado pendor expressionista, daí que faça sentido falar-se de rosto e não de máscara como acontece com os outros exemplos. As tonalidades sombrias dos planos que definem o rosto procuram construir volumes dentro de uma prática cubista. O fundo abstracto e sombrio enfatiza o motivo e o sofrimento deste. Uma espessa linha de fronteira entre rosto e fundo, que aproveita habilmente a cor do material de suporte, conferindo contraste e luminosidade, tem uma filiação mais expressionista que qualquer outra destas cabeças que Amadeo pintou e pode mesmo lembrar alguns rostos de Rouault, que o artista poderá ter visto em Paris na exposição individual que aquele realizou em 1910. (Pedro Lapa)