Púlpito de forma hexagonal, evocando a forma de um cálice, constituído por base, coluna e caixa, composto por painéis. O móvel é destinado à pregação, com estrutura desmontável, podendo ter servido como móvel de campanha. A peça é representante da transição do Gótico para o Renascimento: a par da existência de elementos góticos, encontram-se elementos que o ligam ao formulário renascentista na talha dos painéis. A forma da base é comum entre os púlpitos góticos. Apresenta ainda elementos góticos decorativos em dois pontos, na base e arestas dos painéis. Na base figuram animais fantásticos, quadrúpedes de dorso arqueado, ornamentos associados ao imaginário medieval, em forma de "SS" adossados aos perfis das molduras, e ainda nas arestas, separando os painéis, figuram três delicados pináculos. O vocabulário renascentista encontra-se executado em dois dos painéis, em talha baixa: folhagens e vasos clássicos, taças de gomos, grotescos bem delineados visíveis nos dragões fantásticos e nas cornucópias dispostas em simetria. A representação, caracterizadamente renascentista, segue o ornamento de candelabro, um eixo vertical formado pela sobreposição de objectos diversos, e ladeado por folhagens laterais simétricas, que incluem também, neste caso, figuras imaginárias. Os restantes quatro painéis da caixa não são originais: não apresentam decoração, e são compostos por tábuas de madeira diferente dos restantes. A qualidade de execução decorativa reporta-se a fontes de linguagem erudita de repertório flamengo, onde se filiam importantes cadeirais da época que provavelmente actuaram como referência para as artes da madeira.