Honfleur

Eugène Boudin foi um artista com uma sensibilidade lumínica pré-impressionista, e um dos primeiros paisagistas franceses a praticar uma pintura ar-livrista. Foi, essencialmente, um pintor de marinhas, dominando os diferentes estados atmosféricos da natureza, o que levou Corot a apelidá-lo “mestre dos céus”.
O entendimento que Boudin conseguia dos efeitos atmosféricos e da luz devia-se à prática de estudos ao ar livre, chegando a concluir muitas das suas pinturas no exterior.
Cerca de 1865, conheceu o ainda jovem Claude Monet, mantendo-se esta ligação ao longo da vida e, apesar de Boudin pertencer a uma geração anterior, aquele convidou-o a participar na primeira exposição dos impressionistas, em 1874, na casa de Nadar, por tudo o que Boudin lhe ensinara na observação das alterações de luz na natureza.
As suas obras, maioritariamente praias com figuras humanas – uma burguesia veraneante – faziam furor no Salon, em Paris, e Baudelaire, a primeira vez que viu obras suas, em 1895, dedicou-lhe uma página elogiosa na revista da exposição anual.
Esta pintura apresenta uma pincelada rápida, de pequenos gestos, onde predominam os tons azuis no mar e no céu, depois de um primeiro registo com tonalidades mais escuras, onde figuras, na praia, observam as embarcações. Adivinha-se uma tempestade iminente e, as gentes, na praia, esperam os barcos. A sensibilidade impressionista, no gosto pelo inacabado e na valorização da plasticidade estão presentes nesta praia de Honfleur.