Seu interesse gira em torno da ambiguidade intrínseca da pirotecnia, ou seja, tudo que se relacione com fogos de artifício – seu alcance e perímetro de segurança, detonações e explosões – e que destaca a relação entre o lazer e a violência latente. A pólvora, este fascinante pó preto, particularmente perigoso, ao ser trazido da China para a Europa por Marco Polo, no século 13, foi inicialmente usado para a destruição. Ao ser introduzido na França, seu uso inicial foi na produção de munição, mais tarde, no entretenimento. Hoje, alguns fogos de artifício, como bombas e foguetes, são destinados à bombeiros e policiais. Elisa Pône revela a tensão inerente aos fogos de artifício, contrastando sua utilização para mero prazer com o ato de destruição, representado por um carro queimado. Seu trabalho revela uma poética e seu uso de cores vibrantes se referem ao vocabulário da história da pintura como o sfumato, ritmo, pontilhismo, all-over, pintura histórica, pintura de paisagem, etc.. Os fogos de artifício de Pône são criados para uso em lugares fechados, surpreendendo os espectadores inebriados pela proximidade do efeito visual e pela intensidade dos cheiros e sons. Seu vídeo, “I’m looking for something to believe in”, uma referência ao som dos Ramones, “Something to believe in”, revela um carro branco abandonado em uma floresta às margens de uma lagoa. Os sapos estão coaxando, os pássaros, cantando. De repente, o som ensurdecedor da primeira explosão. A estrutura do carro é incapaz de manter o impacto. O compartimento do passageiro cede, as janelas se despedaçam. A fumaça transcorre, se espalha, e a natureza recupera sua vantagem. A festa acabou. “Nothing makes any sense / But I still try my hardest / Take my hand / Please help me, man / ‘Coz I’m looking for something to believe in / And I don’t know where to start” J.B.