“O azul desmaterializa os corpos, iguala-os ao céu, ao ar. A linha de horizonte desaparece: não há mais terra nem concretude, o vazio do lugar é o vazio do fim. O título das obras corrobora o que é expresso formalmente: o artista prepara-se para a última etapa de sua vida. Mesmo lutando como sempre lutou, mesmo continuando a pintar, sente o que se aproxima. O fundo invade as figuras, predomina sobre ela, torna-se, ele próprio, a figura: o ‘lugar’ que permanece após a nossa partida. Os corpos assemelham-se a fantasmas de passagem.”
CATTANI, Icleia Borsa; SALZSTEIN, Sônia (org.). Diálogos com Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2003. p. 91-92.