Elevada a padroeira do Reino por D. João IV, Nossa Senhora da Conceição conhece ampla difusão do seu culto a partir da segunda metade do século XVII. A Imaculada Conceição da coleção do museu é uma escultura já do século XVIII, de factura erudita e de vulto pleno, que ilustra plenamente as características espacializadoras da imagem, nas linhas sinuosas e curvas dos panejamentos, com numerosos pregueados, na figuração em contraposto, a que a riqueza do estofado e uma iconografia rigorosa conferem particular verismo. A agitação grácil da perna direita, os longos e ondulados cabelos a cair em madeixas pelos ombros e costas, o manto com as pontas recolhidas sob os antebraços, as pregas caprichosas, animadas de dobras com orlas esvoaçantes, conferem à imagem um surpreendente dinamismo. As vestes com o fundo esgrafitado deixam o ouro à vista, numa profusa decoração de motivos florais estilizados, enquanto o trabalho escultórico da cabeça e das mãos modeladas, de dedos separados, apresenta delicadas carnações.
A imagem assenta numa base esférica com uma serpente enrodilhada e cabeças de anjos entalhadas - numa clara evocação da vitória da Igreja sobre a heresia protestante - destacando-se as pontas do crescente lunar de ângulos acentuados.