"No Cemitério" foi apresentado no Salon parisiense de 1890 que, pela primeira vez, franqueou as suas portas a Veloso Salgado. Esta pintura traduz uma atmosfera melancólica e carregada de símbolos, numa alegoria da transitoriedade da vida. Nela, acentua-se a atmosfera de solidão e abandono na figura triste da rapariga, ajoelhada perto da campa onde depositou um ramo de flores, numa atitude resignada da qual a presença desalentada dos epitáfios e as tonalidades frias da paisagem parecem comungar. Contudo, destacam-se simbolicamente a aparente gravidez da figura e o crescente lunar, que se recorta no céu, como símbolos da vida que se renova, prossegue e perpetua.(Rui Afonso Santos)