Registro fotográfico do artista.
Dado o caráter doméstico e/ou a ação do tempo, é possível que o documento apresente alterações cromáticas em relação à obra original.
"Um homem nu deitado na terra descansa. Há quanto tempo um homem não se deitava sobre a terra? Há quanto tempo a terra não servia de lugar de repouso, em que é possível simplesmente deitar? Voltar ao chão, sem ter para onde ir, só no espaço ambíguo, sem definição, sobre a terra e sob o céu, mais nada, é possível? Voltar a ficar na terra e no vento, é possível? É possível sentir novamente os elementos primeiros, tal como da primeira vez, nos mesmos lugares, diante das mesmas coisas, como nas primeiras paisagens? No vento e na terra é a resposta; só, junto aos elementos últimos, já que nada mais restou entre céu e terra.
A posição horizontal não deixa dúvida: o homem deitado liga terra e céu. Parece ser o último dos últimos dos autorretratos, para o qual nem ficar de pé é possível. Retrato após uma luta extenuante; derrubado ou deitado? Vencido ou vencedor? Se não é possível mais ficar em pé, deve-se deitar solitário e nu sobre o chão, a sós com céu e terra e mais nada. Como o último ou o primeiro entre terra e céu, caído sobre o desamparo, o cansaço, o esgotamento. Frente a tal grandiosidade vazia, não há mais por que ficar em pé, deita-se. [...]"
VENANCIO FILHO, Paulo. Iberê Camargo: diante da pintura. Rio de Janeiro: Fundação Iberê Camargo, 2003. p. 81-83.
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