Jardim botânico

"A viçosa vegetação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro alastra-se pelos limitados espaços das gravuras iniciais de Iberê Camargo em água-forte (CR-001, CR-003, CR-004)4 [tombos G203, G272, G113] e em ponta-seca (CR-002) [tombo G210]. Essas obras, identificadas como pioneiras na gravura em metal de Iberê, trazem em seus versos um vestígio irrefutável: as rugosas marcas sulcadas pela forte pressão da prensa sobre a matriz. Assinalam a conduta experimental do artista nesses tempos.
[...]
Mesmo permeadas de incertezas e reduzidas em dimensões, essas primeiras gravuras deixam transparecer uma tensão subjacente. Por um lado, movimentos diagonais das folhagens sobre as alamedas, acentuados contrastes de luz e sombra, grafismos entrecortados que extravasam por todos os espaços da mancha permitem pressentir a majestosa obra gráfica que seguirá. Por outro, a verdadeira luta de Iberê pelo domínio do oficio que essas pequenas obras deixam entrever fica registrada em seus versos descontroladamente marcados pela impressão, também nas ainda titubeantes propostas gráficas gravadas. Mas ambos os aspectos ressaltam uma tensão; a que envolve o processo técnico pelo qual são construídas, mas também a causada pelo suspense inoculado nos jardins gravados, testemunhos do trágico mundo em que existem: 'Tenho uma ansiedade, eu tenho que passar para o quadro tudo o que está se passando em mim, todos os meus sentimentos, tudo o que eu penso ver [...]', expressa o artista."
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 36-37. (Observar notas na fonte).

Exemplar não numerado.
Como não há precisão de data, o ateliê de impressão pode ter sido o de Frank Schaeffer, situado à rua Bulhões de Carvalho, no Rio de Janeiro.
Presume-se que esta seja uma das primeiras gravuras em metal de Iberê Camargo (informação confirmada por Maria Coussirat Camargo).
Não se tem conhecimento de sua edição.
Matriz pertencente ao acervo da Fundação Iberê Camargo.