Representa-se na obra o pintor de origem irlandesa John Lewis Brown (1829-1890), acompanhado pela sua mulher e pela sua filha. A distribuição descentrada das figuras, captadas em movimento, de forma espontânea e «fotográfica», inscreve-se no âmbito de uma produção de cenas da vida moderna, especialmente do agrado do melhor espírito Belle Epoque.
O tom irónico da obra, quase caricatural, tão ao gosto de Giovanni Boldini e igualmente reconhecível na arte de Henri de Toulouse-Lautrec, reforça o acento na expressividade das personagens e na exuberância transmitida pela figura de Lewis Brown. O registo do momento, no qual a sugestão de improviso se revela essencial, confere à pintura um carácter de informal apontamento mundano.
Documento de modernidade e representação da vida urbana de fim-de-século, a obra surpreende pela contenção narrativa da composição, na qual o espaço é apenas referenciado pelo friso que se estende a partir da margem esquerda da tela. Uma nota contrastante mas isolada de cor, o apontamento do laço de nastro da Legião de Honra na lapela do pintor, acentua a vivacidade e a alegria que o rosto da personagem transmite. A pintura foi exposta com sucesso no Salon de 1890, ano em que o artista representado veio a falecer.