Esta escultura de chuva dentro desse edifício rasgado poderia nos fazer pensar numa obra de Magritte. O Surrealismo do trabalho faz esee paralelo com o artista belga. Na verdade, o mistério da chuva improvável que atravessa os dois andares da antiga lavanderia do Hospital Matarazzo é um desejo do artista de lavar este lugar destinado à demolição. Este não é o primeiro confronto com a poética do espaço que faz Artur Lescher, nem mesmo sua primeira experiência em relação ao uso da água e do som em sua obra. Trata-se de uma purificação encenada com um jogo de sons de água e espelhos que permitem aos pedestres das ruas adjacentes verem uma parte do reservatório hídrico no piso inferior. Mais uma vez, o artista cria para o espectador uma percepção afetiva com o lugar em que intervém (a água utilizada na instalação foi de reúso).