CO-1146
Carvalho, Antônio de Barros. [Carta] 1943 nov. 1, Rio de Janeiro, RJ [para]
Candido Portinari,
Brodowski, SP. 2 p. [manuscrito]
Meu caro Portinari
Um enorme abraço.
Fiquei muito contente com as notícias da sua primeira e pequenina carta, o seu sinal de vida. Amália também recebeu o bom presente de Dna. Maria. Oxalá vocês se lembrem sempre de nós, enviando-nos algumas linhas.
Por aqui vamos naquele mesmo ramerrão.”Cosme Velho” sem vocês é mais deserto. A sua casa está de pé. Olga nos tem dado notícias.
Há dias mandamos buscar o retrato da Lia que seguirá no próximo domingo para Recife, de avião.
No domingo esteve aqui o nosso Assis. Conversamos muito. Ele me perguntou como poderia pagar a você as prestações vencidas de dois meses, de 10 contos cada uma. Fiquei de lhe
escrever sabendo. Ele me disse que tão depressa você respondesse, eu avisasse ao Leão. Você autorize a alguém receber esse cobre. Ou, se quiser, o Leão poderá enviá-lo para Brodowski.
Há dias o “O Globo” publicou uma reportagem sobre uma conferência do Dr. Bahia,na Academia de Letras, tratando de arte moderna, falando de você e da arte moderna. Achei interessante e tive vontade de cortar para lhe mandar. Depois pensei: - naturalmente Portinari tem quem corte e mande. E não mandei. Será que você leu?
Pensei também que seria mais interessante aguardar a publicação da conferência na íntegra. Assim, se você nada recebeu, eu enviarei a conferência quando publicada.
O tempo por aqui está muito incerto e paulificante. [ilegível] está úmido, ventando, etc. Só não tem havido é calor, felizmente. Mas... ele, o calor, está para chegar.
E por aí, como vão vocês? Tem trabalhado? Fez alguma coisa na igreja? Mande contar tudo.
O Dante Milano está com você? Não o vi por aqui. O Marcondes me disse que o teria posto, ex ofício, à disposição do Rodrigo.
Mais alguma coisa do Rio? Quando pretende vir por aqui? Nós iremos até Brodowski, se Deus quiser, lá para dezembro.Só se as coisas se alterarem muito. O meu regulamento do [ilegível] está no fim. Creio que o acabarei antes que ele acabe comigo. Depois, então, irei descansar.
Beijos para João Candido, abraços de todos daqui para todos daí. E mais abraços do seu
Barros
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