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Letter

Axel Leskoschek

Projeto Portinari

Projeto Portinari
Rio de Janeiro, Brazil

Pede que Portinari faça parte de uma sociedade de intercâmbio cultural entre o Brasil e a Alemanha democrática, que está sendo fundada, citando nomes que já participam. Felicita o pintor pelo êxito de sua exposição em Paris, fazendo referência às intrigas entre brasileiros que estão na cidade francesa. Comenta assuntos pessoais.

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  • Title: Letter
  • Creator: Axel Leskoschek
  • Date Created: 1946
  • Location: Paris FRA, Rio de Janeiro RJ
  • Provenance: Portinari Project Collection
  • Subject Keywords: Arte/Cultura, Intercâmbio cultural, Vida Artística, Viagens, França
  • Transcript:
    CO-2731 Leskoschek, Axel. [Carta, 1946], Rio de Janeiro, RJ [para] Candido Portinari, Paris. 2 p. [manuscrito] Querido amigo, não se zangue comigo por causa da minha mudez literária. Não é só porque eu tenho bastante trabalho e um montão de problemas artísticos e outros, que me impediram de escrever. Foi também a impossibilidade de lhe dar estes notícias que você quer ouvir. Parece que pelo menos uma parte das dificuldades se sumiu, e que vivemos agora num ambiente meio tranqüilo e bem prometedor. Eu tive que renunciar quase totalmente à uma vida social tendo que trabalhar mesmo de noite, para atender a tudo que a gente me querem que eu faça. Está a fundar-se, entre outras, uma sociedade de intercâmbio cultural Brasil-Alemanha democrática, sociedade esta brasileira. Já concordaram de entrar Graciliano Ramos, Lins do Rego, Manuel Bandeira, Aníbal Machado e dos pintores, até então, Roberto B.M., Santa Rosa e Scliar. Que vou pedir de você entrar é coisa clara, se você quiser, naturalmente. Mas isso tem tempo – o que não tem tempo é: todos parabéns para a sua exposição e felicidades! Queria muito poder visitá-la e presenciar o sucesso que sem dúvida alguma tem. Ouvi que tinha mesmo em Paris bagunças da parte de alguns brasileiros, mas isto é sem importância, visto quem você é. Decidi, se for possível, de voltar no ano que vem pela Áustria, onde podia trabalhar melhor para os nossos fins, do que aqui onde fico estrangeiro. Estava com Hanneaux que você recomendava, e por causa disso. Ele é muito agradável. O Queiroz Lima vou ver pela primeira vez sábado no escritório dele. Quero ouvir de vocês três. Tenho muitas saudades de você e seu trabalho. O João Candido, como gosta de Paris? E Maria? Você tem muita ligação com os pintores franceses? E com a nossa gente. Posso bem imaginar como você, com o seu vigor e sua personalidade colorida faz contatos rápidos e duráveis. Aqui, eu quase não visito exposições; não tenho tempo e, em geral, pouco interesse. Você vai ir pela Inglaterra e outra parte? Ou vai voltar já já pelo círculo dos seus amigos sinceros e abandonados!? Eu trabalho muitíssimo; primeiramente fiz seis xilogravuras (4 [ilegível], 2 outros em cores), trabalho na fundação como professor e também como aluno de Carlos Oswald (água forte), os alunos particulares em geral ficam fiéis, mas, tenho pesar de dizê-lo, acho que eu apreendo mais com eles do que eles comigo. É difícil compelir brasileiros a trabalhar em casa, e com uma aula por semana, mesmo quando se estende sobre mais de três horas, não se pode produzir milagres e encher uma lacuna de uma semana. Pelo menos consegui com Hana Levy e Santa de instigar os alunos da fundação de trabalhar sinceramente. Mas é difícil solucionar tudo isso rapidamente, quando tem uma burocracia que Santa chama muito direito de surrealista. Você não pode imaginar em que grau era proveitosa a minha convivência com você em Brodowski. Só agora começo a realizar um pouco o que o seu exemplo e os seus conselhos me deram. Estou entrando numa nova fase de pintura mais abida e mais forte em cores. Nunca vou ser um grande pintor, mas isso não me magoa; vou ser um bom pintor; e isso é bastante para mim. Temperamento com honestidade de artesão deve dar um resultado satisfatório. E sempre vou acompanhar com a maior alegria o seu trabalho, tão necessário pelo mundo. Aí está! O novo embaixador da Iuguslávia é bom amigo de amigos nossos, búlgaros, e vamos visitá-lo quando ele terá voltado da Argentina. Espero a ajuda dele para a volta à minha terra sem ser obrigado a pedir as graças dos Ingleses e Americanos. Você compreende que não é com um coração leve que deixo o Brasil, onde tanto me desenvolvi, graças em primeiro lugar à sua amizade, porém temos todos laços em todo o mundo e já não mais vamos ficar cada um de nós pegado a um lugar só. Mais uma vez: todas as felicidades para a sua exposição e ao seu bem estar pessoal e de Maria e o meu querido João Candido. Abraços Axel
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  • Type: letter
  • Publisher: Projeto Portinari
  • Rights: Axel Leskoschek
  • External Link: http://www.portinari.org.br
  • Number: 2731
  • Collection Data Type: CO
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