Correspondência

CO-662 Behring, Edith. [Carta] 1953 nov. 13, Paris [para] Maria Portinari, Rio de Janeiro, RJ. 3 p. [manuscrito] Maria, meu bem, Recebi suas cartas, mas a minha eu acabo de encontrar aqui dentro da gaveta. A cabeça é sempre a mesma. Não mandei ainda as caixas prometidas porque o famoso portador preparou malas e papéis e foi para Nice, onde continua noivando, não se sabe quando volta. Por coincidência, ele é português... Mas é boa pessoa, vocês verão quando ele aparecer. No entanto, mandarei duas caixas, ao menos, por uma pessoa que sai daqui no próximo 4 de dezembro. Lá para 16 ou 17 você as terá com certeza e, mais tarde, irá o resto, desculpe o atraso. Não tenho muitas notícias daí, o meu povo é displicente e eu não leio jornais e revistas da terrinha. Mas os amigos não são esquecidos, mesmo quando não escrevo. Ótimo o Candinho fazer uma exposição depois de todo esse tempo, mas por aí vejo que vocês não cogitam da viagem a Paris, o que é pena. São essas complicações do câmbio que prejudicam os planos? Eu andei assustadíssima com os boatos que circularam na colônia brasileira. Felizmente consegui o câmbio oficial, que veio salvar a situação. A vida em Paris é cara mesmo, mas vale a pena, mesmo com alguma dificuldade, como tive até agora. Mas os teatros, concertos, tudo isso, como tenta um cristão... Vou continuando com as gravuras, há tanto processo novo em água-forte e água-tinta que continuo apaixonadíssima pelo trabalho. Mandarei alguns. Espero que você abrace por mim toda essa gente amiga. Não sou muito de escrever, mas vocês sabem que podem contar com esta amiga. Abraços Edith