Correspondência

CO-2621 Leão, Josias. [Carta] 1945 set. 25, Paris [para] Candido Portinari, [Rio de Janeiro, RJ]. [datilografado] Meu caro Portinari Voltando ao projeto da nossa edição quero dizer-lhe: procurei o Teriade, editor da revista “Verve” que ficou entusiasmado com o que viu de você. No momento, imediatamente, acha desaconselhável fazer qualquer coisa séria aqui na França, dada a irrealidade da situação cambial presente. Talvez em Janeiro, segundo pensa, já seria possível cogitar de uma edição, tão completa quanto possível, da sua obra. Pensa, porém, que conviria desde logo organizar uma grande exposição sua, para coincidir com a publicação do livro. Também pensa que deveríamos ter a mão alguns quadros seus reproduzíveis em cores. Os menores que você puder mandar, pois dão melhor reprodução. Se você concordar, mande uns oito ou dez, dos quais provavelmente 3 ou 4 aquarelas (tão completas quanto possível) e todas as fotografias que tiver para reprodução em preto e branco. Não deixe de mandar – como já lhe tinha dito em minha carta de Londres – todas as indicações possíveis sobre o quadro. Se a óleo, se em tempera, etc. etc., dimensões, onde se encontra, data em que foi pintado, etc. etc. Penso que seria também aconselhável que você mandasse os preços, em dólares americanos, dos quadros que vierem. Preços em francos nada significam pois ninguém sabe quanto vale o franco. Assim, com preços em dólares, talvez fosse possível vender alguns a algumas coleções importantes daqui, sem prejudicar financeiramente a você e acrescentando, ao mesmo tempo, ao valor de propaganda do livro. Espero que você se interesse pelo projeto e que providencie quanto antes. Agora há muita gente vindo para cá e não lhe seria, portanto, difícil encontrar portador idôneo. Insisto, aliás, na idéia de utilizar para isso as facilidades do Itamaraty. O Queiroz poderia certamente encaminhar as coisas. Estou lhe escrevendo às pressas para aproveitar o avião do Salgado Filho. Por isso, fico por aqui mesmo, com lembranças nossas para todos de casa e um abraço do amigo velho, Josias Leão