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Correspondência

Mário de Andrade

Projeto Portinari

Projeto Portinari
Rio de Janeiro, Brasil

Comenta que estava ansioso por notícias, recomendando que Portinari economize nos Estados Unidos, pensando no dia de amanhã. Informa a venda de mais gravuras. Comenta a vida artística em São Paulo, com sepecial atenção para as exposições de Bianco e de Clóvis Graciano.

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  • Título: Correspondência
  • Criador: Mário de Andrade
  • Data de criação: 1941-09-07
  • Local: São Paulo SP, Washington, D.C. USA
  • Procedência: Acervo do Projeto Portinari
  • Palavras-chave do assunto: Vida Artística, Viagens, Estados Unidos
  • Transcrição:
    CO-313 Andrade, Mário de. [Carta] 1941 set. 7, São Paulo, SP [para] Candido Portinari, Washington, D.C. [datilografado] Portinari querido, Sua carta me deu um alegrão. Andava meio desconfiado, não recebia nenhuma notícia de você, nem cartão de despedida nem nada. Mas imaginei logo que era a afobação da partida e não senti. Enfim chegou sua carta e me repôs em minha felicidade. Mande sempre contar como estão se passando as coisas com você aí, pois você bem sabe a minha torcida. Mas veja si desta vez consegue economizar alguns cobrinhos, pra guardar depois, comprar alguma casa, coisa assim. Sempre penso muito em você, e me preocupa essa sua situação de gastar tudo quanto ganha, sem pensar no dia de amanhã. Bom, não quero “passar pito”, que você sabe muito bem o que deve fazer da sua vida. Aqui já vendi mais umas poucas de pontas-secas, mas estes paulistas estão bestas. Depois se queixam! Também é verdade que tem havido muita exposição e a nossa terrinha está brilhante. O Bianco fez uma exposição, mais bonita que boa, mas foi muito atacado, não quiseram aceitar a mocidade dele, fiquei zangado e defendi o rapaz. Depois veio um portuga sobrerrealista, bastante errado e cheio de cartas de recomendação. Escrevi um artigo puxado a sustância sobre ele, mostrando tudo em que ele estava errado, mas sempre com muita seriedade e delicadeza. Ele acabou entregando os pontos, em certas coisas de doutrina, e não se zangou, felizmente – tropa da boa-vizinhança... Agora é o Clovis que está com exposição aberta de desenhos e monotipias, esta, já uma exposição muito boa. Você tinha razão quando me chamou a atenção sobre o Clovis, uns três anos atrás, o rapaz tem talento mesmo. No quadro a óleo, ainda acho muito irregular o que ele faz, tenho a impressão que ele ainda não se firmou bem nos pés; mas nas monotipias, e principalmente nos desenhos, fortes, vibrantes, já conseguiu muita coisa. E além das exposições, há muitas intrigas. Briguinhas de comadres, uns espinafrando os outros, uns invejando os outros, não me meto e me divirto. Mas enfim a coisa vai indo, com muito mais entusiasmo que no Rio. Imagino o Rio sem você, como deve estar nas artes plásticas! Eu, além de certas coisas de doença e dentes que me infernizam a vida, vou marchando cheio de trabalhos. Em outubro lhe mandarei as minhas Poesias que estou editando agora, pra você ter um ventinho de Brasil aí no seu apartamento de hotel. E Maria como vai? E o João Candido? Maria que tome muito cuidado com ela, pra não acontecer desta vez, como da outra. E dê lembranças minhas ao Hanke, quando estiver com ele. Bem, amigo, até breve. Me recorde muito afetuosamente a Maria e Dês projeta o João Candido. A você, o mais apertado abraço deste sempre, Mario
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  • Tipo: carta
  • Editora: Projeto Portinari
  • Link externo: http://www.portinari.org.br
  • Direitos: Mário de Andrade
  • Tipo de dado na Coleção: CO
  • Número: 313
Projeto Portinari

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