CO-1568
Dionísio, Mário. [Carta] 1947 abr. 11, Lisboa [para] Candido Portinari, [Rio de Janeiro, RJ]. [datilografado]
Meu caro Portinari:
Não vejo necessidade de explicar-lhe o que é uma vida ocupada de manhã à noite, porque suponho que o conhece perfeitamente! É esta a razão de só hoje vir agradecer os recortes de imprensa sobre a sua exposição, que fez favor de enviar-me de Paris. Muito obrigado.
Também só hoje lhe envio o recorte deste artiguelho que escrevi, um pouco à pressa, para o “Diário de Lisboa” – já que é o jornal da tarde mais lido no país, para rebater o boato que aqui correu uns dias, de que a exposição não tivera o mínimo acolhimento do público e da crítica francesa. Escusado será dizer-lhe que a coisa veio dum tal português a quem Você recusou um convite, pelo telefone (lembra-se?), e que o meu artiguelho, por transcrever opiniões de vários críticos franceses, deve ter acabado com a história. Também publicaram artigos sobre a sua exposição, pela mesma altura, o Joaquim Namorado (em “Vértice”) e o José de Freitas (no “Diário de Notícias”, com honras de primeira página...)
Como vai a vossa saúde? Maria? Inês? E esse “menino terrível” chamado João Candido? Gostaria muito, quando tiverem um minuto livre, de saber alguma coisa de vós todos.
Nada sabemos aqui das eleições brasileiras. Mas corre que Você foi eleito senador. Seria ótimo. E, neste caso, nossos sinceros parabéns e um grande e entusiástico abraço.
Gostaria também de duas palavras sobre o seguinte: estou sem saber se lhe foi possível arranjar alguém, em Paris, que se encarregasse, como pedi, das reproduções de quadros seus que aqui quero reproduzir a cores, e se pusesse em contato com o meu editor. Até a data, este nada recebeu e estou sem saber como resolver o caso.
E como vai o álbum da “Penguin”?
Sou, como vêem, um perguntador incorrigível! Até breve. Muitas saudades de minha mulher e de todos os amigos de aqui. Muitas felicidades e bom trabalho. As minhas saudações muito cordiais para Maria, João Candido, Inês e para si, do amigo certo e admirador, que o abraça:
Mário Dionísio
P.S. Claro que o “chegou, viu e venceu” no título do meu artiguelho foi genialidade da redação...
Minha morada: Av. Elias Garcia, 176, 3º Dº Lisboa.N.
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