CO-1570
Dionísio, Mário. [Carta] 1951 maio 16, Lisboa [para] Candido Portinari, [Rio de Janeiro, RJ]. [datilografado]
Querido Amigo:
Tenho sabido, mais ou menos, quase sempre de si. Mas, diretamente, há quanto tempo nada sabemos! Suponho-o no Brasil, depois de grandes êxitos em Paris, mas desconheço para onde escrever. Tento alcançá-lo, portanto, através de um amigo comum, que também não sei se encontrarei, numa morada antiga que possuo. É quase como enviar uma mensagem dentro de uma garrafa atirada ao mar...
Admitamos que vai receber esta carta e diga-me: como vai a vossa saúde e de Maria? E esse João Candido, que altura já tem? Logo que saiba a sua direção ao certo enviar-lhe-ei uma fotografia da minha filha, tirada de surpresa, e em que ela está a olhar atentamente duas reproduções de retratos seus, de João Candido!
Tem visto “Vértice” que, com todas as dificuldades, continuamos a publicar? Dentro de pouco tempo completa dez anos de existência e pretendemos comemorar o acontecimento com um grande número, a que não falte a colaboração dos muitos amigos que temos espalhados pelo mundo. Posso contar com um desenho seu? Escuso de lhe dizer como isto é importante para nós e com quanto interesse lhe faço este pedido. Precisaríamos do desenho até aos fins de julho, mas precisávamos também duma resposta sua logo após a recepção desta carta. Posso contar também com isso?
Não quero roubar-lhe tempo. Mas sempre lhe lembro que, se puder, ou você ou Maria, me dêem notícias pessoais vossas tão abundantes quanto possível.
Sentimos, eu e minha mulher, profundas e sinceras saudades vossas. Beijos ao João Candido. Um grande, grande abraço do velho amigo e admirador de sempre:
Mário Dionísio
Av. Elias Garcia, 176 – 3º - D. Lisboa
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