Letter

CO-349 Pithá, Bruno. [Carta] 1950 abr. 17, Rio de Janeiro, RJ [para] Candido Portinari, Paris. 2 p. [datilografado] Prezados amigos Portinari e Maria Victória. Muito agradecemos as lembranças que nos mandaram da Itália. Ficamos muito contentes por sabermos que já não há mais enfermos na família. O que faz o sol e o formidável ambiente italiano! A Consuelo não pôde encontrá-los em Paris porque não passou por lá. Voltou em 28 de novembro último, diretamente, por via aérea de Praga ao Rio, trazendo no bico, tal qual uma cegonha, nosso herdeiro, Luís Carlos: Luís como o irmão de Consuelo e Carlos como meu pai. É um menino encantador. Hoje tem cinco meses e meio, já “se pavoneia com quatro e médio dentes”. Estamos muito contentes por tê-lo, é quase nossa única diversão no “armazém de belezas naturais amontoadas”, no Rio de Janeiro. Isso a nosso respeito. Agora, vamos tratar do assunto de Candido. Há meia hora, telefonou-me o seu irmão, João, dizendo-me que na Bienal de Veneza, onde o Ministério da Educação do Brasil vai expor os seus quadros, você deseja expor também o quadro “Mãe brasileira”, que comprei antes da sua saída para a França. Com muito prazer o emprestarei ao Ministério da Educação, se é esse o seu desejo. Pedi somente ao seu irmão que o mencionado Ministério me dê todas as classes de garantias e que mo devolva em perfeito estado e dentro do mínimo tempo possível. Seu irmão informou-me que, provavelmente, não o verei vários meses, o que me assustou tremendamente. Como posso viver sem a minha “Mãe brasileira” tanto tempo? Resignar-me-ei, se assim for necessário, contanto que não passe de três meses. Meu único consolo é que, como não pode deixar de ser de outra maneira, o quadro voltará com o primeiro prêmio. Rogo ao querido amigo que me responda em seguida, confirmando a notícia que recebi de seu irmão. Espero que nos digam algo sobre todos vocês. Abraços para você e beijos para Maria, de Bruno e o contrário da Consuelo. Bruno Consuelo