A figuracção é esquemática e sintética ou faz uso de esboços topográficos, respeitando sempre bidimensionalidade; recursos já conhecidos da prática do artista. Também a narrativa está presente nestas pinturas e supõe a articulacção dos signos visuais isoladamente dispostos no plano. As afinidades cartográficas são declaradas e constituem o entendimento da pintura desta fase de Joaquim Rodrigo. Ela revela-se um agenciamento de pequenas perceções acopladas a um movimento, ou seja, uma viagem ou mais geralmente um troço de viagem. A paisagem, que inevitável mente remeteria para um todo, desaparece num campo de múltiplas forças que constituem as perceções que a pintura cartografa como acontecimentos, isolados na sua singularidade, mas como que arrastados pelo movimento sempre suposto. Os signos suscitam diferentes cores que se organizam em estrita conexão com a sua distribuição dentro do sistema ortogonal que definem um aqui e agora absolutos a partir dos quais se desdobram as dimensões espaço e tempo que a pintura produz. (Pedro Lapa)