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Meleagro presenteia Atalanta com a cabeça do Javali de Cálidon

John Cheere1755 -

Palácio Nacional de Queluz

Palácio Nacional de Queluz
Queluz, Portugal

Grupo escultórico em chumbo, representando Meleagro e Atalanta, acompanhados por um cupido e um cão com a pata sobre a cabeça de um javali.

O mito de Melagro, filho de Eneus e Altéia, de que existem várias versões, está ligado ao episódio da caçada do Javali de Cálidon, narrado no Canto 9 da Ilíada de Homero, no V Epinício da Baquílides e nas Metamorfoses de Ovídio.
Conta o mito que as Moiras ou Parcas predisseram à mãe, tinha a criança sete dias de nascimento, que a sorte de Meleagro estava associada à da acha que ardia na lareira. Se acabasse de arder, a morte do menino seria breve. A assustada mãe apressou-se a apagar o tição, conservando-o escondido numa arca durante anos.
Crescido e feito homem, Meleagro sentiu obrigação de libertar o país, Cálidon, de um terrível javali que o assolava, convocando diversos heróis, entre os quais a bela caçadora Atalanta – filha do rei da Arcádia, inexistente na narrativa homérica – por quem estava apaixonado. Meleagro teve de vencer a resistência de alguns dos outros heróis que se recusavam a lutar ao lado de uma mulher. A muito custo os convenceu. Foi Atalanta a primeira a atingir o javali, mas coube a Meleagro a glória de o matar. Com direito por isso aos despojos do animal, logo os dá a Atalanta num gesto de homenagem. De imediato os reclamaram os tios, dado serem os parentes mais próximos, mas Meleagro acaba por matá-los. Alteia, a mãe, indignada com tal assassínio, atirou para o fogo a acha mágica, causando a imediata morte do filho. Mais tarde, apercebendo-se do acto que cometera num momento de cólera, suicida-se.

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  • Título: Meleagro presenteia Atalanta com a cabeça do Javali de Cálidon
  • Criador: John Cheere (1709-1787)
  • Vida do criador: 1709 - 1787
  • Nacionalidade do criador: English
  • Data: 1755 -
  • Local: Hyde Park Corner, Londres, Inglaterra
  • Original Title (portuguese): Meleagro presenteia Atalanta com a cabeça do Javali de Cálidon
  • Dimensões físicas: 167 (alt) x 110 (larg) x 85 (prof) cm
  • Sculptures by John Cheere: Os jardins do Palácio Nacional de Queluz apresentam o mais importante conjunto de estátuas em chumbo, fora do território inglês e reunido no mesmo espaço, do escultor britânico John Cheere (1709-1787), o que confere a este acervo uma grande importância no panorama artístico internacional. Irmão de Henry Cheere (1702-1781), também escultor, por volta de 1737-1738, John Cheere instala-se em Hyde Park Corner, zona londrina com tradição neste tipo de trabalho, destacando-se na produção de escultura de moldes em larga escala (chumbo, cobre, gesso e cerâmica). As esculturas de chumbo eram sobretudo utilizadas na decoração de jardins e fachadas dos edifícios de campo das elites inglesas, numa altura em que os jardins se adaptavam ao estilo de jardim à francesa, onde abundava a decoração escultórica. A fácil reprodução, os baixos custos e a qualidade dos acabamentos que o chumbo permitia incentivaram a grande procura das peças de Cheere. Por vezes as estátuas eram tratadas de modo a imitar mármore, outras eram pintadas com cores vivas ou parcialmente douradas, aumentando desse modo o seu efeito teatral. Assim, enquanto as figuras mitológicas eram pintadas para imitar materiais nobres como o mármore, o ouro ou o bronze, nas de temas pastoris ou da commedia dell’arte era aplicada pintura ao natural, de cores diversas, com especial atenção à indumentária. Em novembro de 1755 Lisboa foi atingida por um violento terramoto, acompanhado de um maremoto e de um devastador incêndio que provocou a destruição de grande parte da cidade com especial incidência na zona da Baixa. Apesar da catástrofe, as obras em Queluz não param e, entre 1755 e 1756, D. Pedro encomenda a John Cheere estatuária para decorar os jardins do Palácio de Queluz. A primeira encomenda (1755) é realizada através de D. Luís da Cunha Manuel (1703-1775), embaixador de Portugal em Londres, com a ajuda de D. Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), futuro Marquês de Pombal. A Lisboa chegaram 2 grupos (Meleagro e Atalanta e Vertumno e Pomona), 23 peças individuais (Neptuno, Meleagro, Mercúrio, Fama, Apolo, Diana, Baco, Vénus, Ceres, Flora, Gladiador, as 4 Estações do ano, 4 figuras da commedia dell’arte – Pierrot, Arlequim, Scaramouche e Colombina –, e 4 figuras pastoris – pastor, pastora, homem com tambor e flauta e mulher com ancinho) e 24 potes para flores. Com a remessa desta primeira encomenda, Cheere envia uma listagem de outras obras disponíveis para venda. A segunda encomenda (1756), maior que a primeira, teve por base esta relação de esculturas. Nesta ocasião seria D. Martinho de Melo e Castro (1716-1795), diplomata na capital britânica, o encarregado pelo acompanhamento do processo de compra e envio da nova encomenda, que integrava 7 grupos escultóricos (Rapto de Proserpina, Eneias e Anquises, Rapto das Sabinas, David e Golias, Caim e Abel, Vénus e Adónis, Baco e Ariadna), 6 figuras (Hércules, Meleagro, Atalanta, Justiça, Minerva e Marte), 16 animais (quatro macacos, quatro leões, quatro tigres, duas raposas, uma harpia e uma águia), 4 grupos furados para meio de tanques grandes e repuxos de água, 8 meninos para guarnecer cascatas, e 48 vasos pintados de bronze e ouro, num total de 89 peças, entre grupos escultóricos, figuras formando conjuntos e figuras isoladas. Este colossal número de estátuas de chumbo fez parte integrante de um grandioso e colorido conjunto ajardinado sob a orientação do arquiteto e ourives francês Jean-Baptiste Robillion (1710-1782), discípulo e colaborador do célebre ourives Thomas Germain. Os inventários do Palácio de Queluz atestam como algumas peças mudaram várias vezes de lugar nos jardins, enquanto outras tiveram que esperar alguns anos – após terem sido recebidas e se ter aferido a sua qualidade – até que fosse escolhido o local mais adequado para a sua implantação. De facto, a sua localização nos jardins foi mudando à medida que estes eram ampliados e novos esquemas ornamentais e funcionais eram introduzidos. Das encomendas de 1755 e 1756, muitas esculturas se perderam, transferidas para outros jardins, fundidas para material bélico, roubadas impunemente ou gradualmente arruinadas sem reparação possível. O conjunto ainda in situ nos jardins do Palácio de Queluz constitui uma prova da qualidade da obra de John Cheere e do reflexo do gosto requintado e erudito de D. Pedro, em consonância com o gosto europeu de meados do século XVIII. A obra escultórica de Cheere - influenciada pelos Jardins de Versalhes e pelas obras de referência na altura da Antiguidade e da Renascença - recolhe temáticas provenientes de várias fontes, da mitologia greco-romana a figuras retiradas da commedia dell’arte, bem como personagens pitorescas do quotidiano rural, a par de animais exóticos. A sua inspiração revela-se numa produção onde sobressai a cuidada reprodução anatómica e a adaptação dos modelos utilizados. Entre 2005 e 2009, o conjunto estatuário da autoria de John Cheere, expressão do carácter inovador e da alta qualidade da escultura britânica do século XVIII, foi objeto de profundas intervenções de conservação e restauro promovidas pela World Monuments Fund (Britain e Portugal). A recuperação dos lagos e fontes foi um projeto que se estendeu até 2010.
  • Rights Information: Palácio Nacional de Queluz
  • Photo: Carlos Monteiro, 2011.
  • Material(s) / Technique(s): Chumbo
  • Image Rights: © Direção-Geral do Património Cultural / Arquivo de Documentação Fotográfica
  • Tipo: Escultura, escultura de jardim
Palácio Nacional de Queluz

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