"Tenho uma visão pessimista do Brasil, quase apocalíptica do mundo. Nossa independência não foi ainda alcançada. Discute-se a mudança do maquinista, não o rumo do trem. E só este importa. Com a filosofia do 'eu gosto de levar vantagem em tudo', não se constrói uma sociedade justa e feliz.
Vivemos vinte anos de prepotência, de mata e enforca. Nunca tanto poder em mãos de tão poucos. Poder que não salvou as nossas águas, que não salvou os nossos peixes, que não salvou as nossas florestas, que não salvou a nossa fauna, que não salvou a nossa flora, que não salvou as nossas riquezas do subsolo, que não salvou o homem brasileiro. Sinistro poder que só nos fez mal!"
CAMARGO, Iberê; MASSI, Augusto (org.). Gaveta dos guardados: Iberê Camargo. São Paulo: Cosac Naify, 2009. p. 138.