"Na pintura altamente narrativa daqueles anos, Iberê abordou a paisagem como uma breve notação. Sumária, mas com os elementos suficientes para convertê-la em uma prolongação do caráter de suas personagens. Como nas paisagens dos anos 40, em que os galhos, a água, o céu e a terra estavam em um mesmo registro expressivo, a Mulher de bicicleta, 1989 é uma com a natureza fantasmagórica que a contém. As formas afiadas de seus braços correspondem-se com as similares dos galhos. A linha de horizonte encontra-se insinuada pelo mínimo contraste entre o ocre do solo – repleto de reflexos azuis – e os azuis terrosos do plano superior. [...]"
HERRERA, María José. Iberê Camargo: um ensaio visual. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009. p. 12.