Composição que parece representar uma cena religiosa da Antiguidade Clássica, enquadrada, numa envolvência cenográfica, recriada pela arquitetura de colunatas e pela profundidade atemporal da paisagem, onde legionários romanos, sob um céu sombrio, se misturam no arvoredo, um importante elemento regulador da espacialidade do drama representado. Desta forma, a dramaticidade da cena central móbil da identidade plástica da composição, encontra paralelismo nas atmosferas dos planos longínquos. Apoiando-se na riqueza histórica do ideário clássico, o pintor recria, nesta particular obra um episódio onde parece desenvolver-se um determinado rito sacrificial, iconograficamente percetível pela intensidade da chama que emana do forno e pelas vestes brancas das personagens principais. Os corpos, uns arrastados, ou simplesmente desmaiados nos braços de um grupo de homens, outros, participando na própria ação como observadores.
As figuras avolumam-se, no espaço da tela, e desenvolvem-se na génese do processo da ação, pelo alongamento dos gestos e atitudes das diversas personagens, numa teatralização maneirista da emotividade da composição idealizada.