Com o ciclo de pinturas “caipiras”, Almeida Júnior deslocou o foco da busca pela definição do “tipo nacional” para um contexto mais regional, ao dotar a representação do camponês do interior da província com a nobreza da pintura histórica. É no cotidiano simples de homens rudes, flagrados frequentemente em repouso ou no cumprimento de atividades corriqueiras, que o artista procurou revelar a dignidade e as virtudes da vida no campo. Nascido no interior de São Paulo, Almeida Júnior demonstrava familiaridade com o assunto que representava, registrando com atenção de naturalista a vestimenta, os gestos e a aparência das construções e mesmo de utensílios típicos desses personagens, como se pode notar na "Cozinha caipira", também pertencente ao acervo da Pinacoteca. Essas pinturas ganham ainda mais interesse se analisadas em contraposição aos muitos retratos produzidos pelo artista, os quais configuram um verdadeiro confronto entre o homem do campo e o da cidade. No momento em que São Paulo começava a assumir papel relevante na economia nacional, os retratos de engenheiros e empreendedores paulistas pareciam apontar para um futuro inevitável proporcionado pelo progresso material, enquanto os camponeses se apresentavam como registros de uma cultura genuína, porém fadada ao desaparecimento.