A proposta de datação mais consensual desta obra liga-a à primeira metade do séc. XV, sendo assim a pintura mais antiga do Museu.
Nela se verificam as principais características da pintura portuguesa de Quatrocentos chegada até nós: o tema da Virgem em majestade; as cores vibrantes, com fortes contrastes e ausência de perspetiva – em vão iludida pelas aberturas laterais –; a acentuada rigidez no tratamento dos panejamentos e a escala das figuras sagradas, superior à das figuras terrenas, enfatizada pela coroação.
A pintura foi executada a têmpera sobre madeira de castanho, certamente por uma oficina da região de Coimbra. Segundo a tradição, deu entrada nas coleções do Museu através do Colégio de S. Jerónimo. Porém, desconhece-se o local para o qual foi concebida. A temática da rosa, com matriz pagã no culto de Ester, teve grande expressão, até ao séc. XV, no Baixo Mondego, patente em diversas esculturas de pedra de Ançã.
Provavelmente por razões dogmáticas na sequência do Concílio de Trento, esta obra recebeu, nos finais do séc. XVI, outra composição pictórica, posteriormente retirada.
A radiografia realizada na década de 1950 revelou a primeira composição quase intacta. Apesar de polémica, foi tomada a decisão de proceder ao levantamento da pintura mais recente.