Três anos antes de ganhar o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, no Salão Nacional de Arte Moderna de 1957, com a obra Pintura 206, Ivan Serpa liderava o Grupo Frente, um movimento fundamental no alicerce do construtivismo brasileiro, na sua vertente carioca. E retrocedendo um pouco mais, podemos mencionar a premiação recebida de melhor Pintor Jovem Nacional, em 1951, na primeira Bienal de São Paulo. Nesse curto período, Serpa constrói uma obra geométrico-abstrata visualmente coerente, orientada pelos princípios do construtivismo de essencialidade da forma e recuo da subjetividade, ainda que com uma liberdade que aprendeu a respeitar e incentivar na experiência do ensino de artes para crianças. Tendo na construção espacial de suas obras uma de suas principais características, em Pintura 206, com o cromatismo levado a um mínimo, o movimento resultante de uma distribuição rigorosa de quadrados e retângulos conduzem a um máximo a capacidade rítmica da sua pintura.