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Palavras cruzadas VII

José Loureiro1994

Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos

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Lisboa, Portugal

REFAZER A HISTÓRIA
A pintura de José Loureiro é sobre a própria pintura.
É sobre o facto de uma pintura ser, necessariamente, um rectângulo, ou um quadrado, que se coloca na parede e que, dentro, possui uma estrutura composta por formas e cores.
A aparente displicência das suas telas esconde muito mais do que nelas aparece, ou exige mais atenção, porque nelas estão inscritas as vicissitudes do acto de pintar: as rasuras, as hesitações, as correcções.
Não importa se as suas pinturas são figurativas ou abstractas, porque, em última instância, são sobre essa grande tradição de produzir imagens e sobre a sua história, nomeadamente sobre o momento, no século XX, em que a pintura foi colocada sob suspeita no contexto das artes visuais.
Portanto, o seu campo de trabalho é a pintura – com as suas determinações históricas, as suas questões internas –, e é através da pintura que o seu trabalho equaciona, com um peculiar sentido de métier (embora não com qualquer subserviência canónica), as questões formais que o desenvolvimento da sua relação com a imagem, as suas limitações e possibilidades de desenvolvimento, implicam.
Também a relação com a manualidade da pintura é equacionada por José Loureiro a partir do seu interesse pela pop art e pela relação que, na década de sessenta, alguns artistas estabeleceram entre a prática da pintura e o uso de processos mecânicos, desde o stencil à serigrafia, como se fosse necessário libertar a pintura da tirania da mão, do gesto, para lhe conferir liberdade.
Seja como for, José Loureiro necessitou de percorrer, uma vez mais, esse caminho, em ampliações sucessivas, até ao ponto se transformar em círculo, e este em mancha, em matéria pictórica, em si mesmo. E esta, como é próprio da pintura, implicar uma estrutura compositiva, um padrão; e este, como é natural, uma rede, uma grelha. E, subitamente, sob a sua pintura, surgia a história do modernismo. Da referência à abstracção que deriva de uma absoluta concreção, desta à desconfiança da manufactura, à sua rendição e de no colapso reencontrar o seu próprio – a distinção fundo/figura –, para o negar, mais uma vez, como uma teoria do gesto. A pincelada faz-se serial, a série, pela repetição em volume ilusório convoca o desenho, finge ser estrutura e torna-se rarefeita até ao plano cromático. Irónico, não é?

Delfim Sardo

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  • Título: Palavras cruzadas VII
  • Criador: José Loureiro
  • Data de Criação: 1994
  • Localização: Lisboa
  • Dimensões físicas: 200 x 200 cm
  • Tipo: Pintura
  • Direitos: © Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos
  • Material: Óleo sobre tela
  • Inventário: 372515
  • Fotógrafo: © DMF, Lisboa
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