"Outras três litografias ocupam um lugar de destaque entre as gravuras do artista. Apresentam identidade técnica, todas elaboradas em maneira-negra, e datam de 1987. Como grande parte das obras expressionistas, também estas abordam lemas da realidade cotidiana. São motivadas pelo trânsito de Iberê pelo parque e originadas de suas anotações rápidas de papeleiros (CR-247) [G240], músicos (CR-248) [G239] e palhaços (CR-249) [G244]. Essas figuras emergem da escuridão das gravuras entre as inscrições do gesto que desliza pelas superfícies. Nesse aspecto é impossível omitir aproximações da obra de Iberê com a de Goeldi, mesmo que esta última seja em xilogravura. A impessoalidade dos personagens por vezes acompanhados por um cão que vaga pelas cenas, a solidão envolvente e o grafismo sulcado nos planos possibilitam relações entre as gravuras dos dois artistas. Essas obras voltam a apresentar um campo de forças no espaço gráfico. As imagens não se dão facilmente ao olhar, sua inquietude vai além do contexto despretensioso no qual têm origem, sua força reside em uma autodecomposição da própria forma, o que gera instabilidade, destrói a fixidez de sua apreensão e interroga o sentido cia existência desses personagens."
ZIELINSKY, Mônica. Iberê Camargo: catálogo raisonné. Cosac Naify: São Paulo, 2006. p. 105.
Esta gravura foi desenvolvida a partir da observação de pessoas que transitavam pelo Parque da Redenção em Porto Alegre.
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