Padrão de azulejo com Camélia

De entre a imensidão de padrões utilizados no século XVII, vários destacam-se pela proliferação de exemplares, pela disseminação no território nacional e mesmo nos territórios ultramarinos, e pela prolongada cronologia de aplicação. Tal como acontece nos frontais de altar, com claras referências a elementos da porcelana chinesa e também das chitas indianas, este gosto pelo exotismo também se manifestou nas padronagens. Um desses casos é precisamente o padrão dito de "Camélia", assim denominado pelo Engenheiro João Miguel dos Santos Simões na década de 60 do século XX. Segundo este investigador, o que parecia ser uma estilização de uma flor oriental – rosa ou magnólia –, foi denominado de camélia a fim de facilitar a sua identificação. Refira-se que este elemento decorativo tem suscitado algumas interrogações ao longo do tempo, levantando-se a hipótese de se tratar de uma peónia, veiculada pela porcelana chinesa, mas entendida, na época, como uma rosa. De facto, a peónia, símbolo da riqueza e prosperidade, a par do lótus, é das flores mais frequentemente representada na cerâmica chinesa. Neste painel, a flor central é representada de forma arredondada, com folhas simples e bagas ou botões florais, o que a aproxima mais de uma camélia. Este tipo de representação estaria mais em conformidade com a imagem de uma rosa, tal como foi veiculada na época. Esta ideia reporta-nos para o facto destas padronagens serem, na grande maioria dos casos, aplicadas em locais dedicados à Virgem. Por demais é conhecida a relação da rosa com a iconografia mariana, ilustrando o paradigma de Rosa Mística. Quer se trate de camélias, peónias ou, eventualmente magnólias, estes motivos decorativos remetem claramente para uma influência oriental, sendo a porcelana chinesa a sua mais provável fonte iconográfica. Produção de Lisboa.