Painel de azulejos de padrão com Cruz de Malta

Azulejos de padrão como o presente, constituído por módulos de 2x2 azulejos formando a cruz da Ordem de Malta, permitem-nos questionar a existência, ao longo do século XVII, de encomendas de azulejos de repetição para espaços específicos. A mesma questão pode ser colocada para a produção de objetos tridimensionais em faiança na mesma época, tendo chegado aos nossos dias dezenas de exemplares com motivos heráldicos, assim como inscrições de nomes ou divisas, permitindo intuir uma relação direta entre encomenda e peças sem que, no entanto, haja confirmação documental. Este padrão, no qual cada azulejo contém apenas duas metades de braços da Cruz, sendo necessária a junção de quatro para a totalidade da sua representação, foi registado por Santos Simões como estando aplicado no antigo convento de Nossa Senhora da Conceição, em Sacavém, da Ordem de Santa Clara, logo fora do contexto de uma encomenda maltesa. Apenas o conhecimento da presença deste padrão no revestimento de um espaço da Ordem de Malta ou com ela relacionado dará certezas quanto à origem da encomenda. Já no campo da azulejaria figurativa, quando num painel da primeira produção lisboeta em técnica de faiança (MNAz, Inv. 7370 Az,) surge um brasão, ainda não identificado, encimado por uma cruz de Malta, podemos concluir que esta indica que o brasão pertenceu a um cavaleiro da Ordem. A coleção do Museu Nacional do Azulejo integra ainda outro raro padrão seiscentista, constituído pela repetição de um único azulejo com a representação de uma Cruz de Malta estilizada (MNAz, Inv. 301 Az).