Os dois medalhões integraram o conjunto de esculturas cerâmicas chegadas a Lisboa após a fundação, em 1509, do Mosteiro da Madre de Deus pela rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II (r. 1481-1495). As grinaldas de folhas, flores e frutos envolvem medalhões interiors com representações heráldicas e alegóricas que celebram a memoria daquele rei. O Pelicano representa a empresa de D. João II, composta por três elementos que simbolizam a individualidade do rei: o pelicano alimentando as crias com o seu sangue, símbolo cristológico, eucarístico e politico associado ao mote «Pela Lei e pela Grei», constitui o corpo da empresa; a frase «IVSTVS . VT. PALMA . floREBIT . ET», tomada dos Salmos (92, 13), é a alma da empresa; a copa de folhas de palma, que serve de ninho aos pequenos pelicanos, é o símbolo dos homens juntos.
O rei Dario da Pérsia (c. 550-486 a.C.) é a efígie de um homem ilustre da Antiguidade e personifica alegoricamente o bom governo e o génio de D. João II. A obra segue com fidelidade um perdido perfil de Dario em metal esculpido por Andrea del Verrocchio (1435-1488), difundido através de um desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519). Conservou-se na fachada sul do mosteiro até ser apeada no século XIX, antes de integrar a coleção real de D. Fernando II.