Essa obra foi inspirada pela maestria africana em tecnologia durante o periodo da escravidão e criada em honra ao Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro no Brasil.
Heloisa Hariadne, nascida em São Paulo (1998), é artista plástica e em sua obra existe uma espécie de grito pungente - que seu trabalho pede e causa - que é o de fazer parte da natureza. Heloisa afirma também que o autor Ailton Krenak “invadiu” suas pesquisas, pois quando não o conhecia iniciou seus projetos pictóricos e ao ir de encontro com a escrita “Vamos ter que produzir outros corpos, outros afetos, sonhar outros sonhos para sermos acolhidos por esse mundo e nele podermos habitar”, compreendeu que a sua arte pede sonho, mas não um sonho de dormir e acordar, mas sim um sonho de prática imagética para criação. E foi assim que teve a ideia de pintar no mar, a partir de uma prática, e é assim que tem a necessidade de continuar pintando. Depois de participar de mundos que estejam ativamente conectados com a terra.
Em sua obra (Percepções de visões que de tão naturais, ficaram invisíveis), Heloísa Hariadne trata do tema “Escravidão e Tecnologias” cuja centralidade consiste em evidenciar os conhecimentos técnico-científicos deixados como legado africano no cotidiano e cultura brasileira, por meio dos conhecimentos diversos que os escravizados possuíam e utilizavam para a criação de inúmeros instrumentos para diferentes finalidades. A obra procura também desmistificar a ideia superficial de que as contribuições negras para a formação da sociedade brasileira restringem-se apenas aos aspectos artísticos e culturais, rompendo também com a máxima do senso comum de que a história africana inicia-se a partir da escravidão.
Dessa forma é possível pensar também quais as relações coexistentes entre os conhecimentos elaborados no passado e como eles reinventam-se hoje, por meio de relações de buscas ancestrais por meio de diálogos possíveis entre passado e contemporaneidade.