"Se lembrarmos da leitura nietzschiana da tragédia grega (num período em que se sente ainda a influência de Wagner sobre Nietzsche), veremos que a oposição entre a 'pulsão' ('Trieb', termo imortalizado por Freud posteriormente, como sendo a 'substância' do psiquismo) apolínea (ordem, lei, medida, razão) e a 'pulsão' dionisíaca (arte, violência, desordem, loucura) percorre o enredo wagneriano no qual deuses e deusas combatem forças tectônicas opostas: devo optar pelo amor (impulso pautado pelo deus Dionísio, livre e sem interesses a não ser o próprio gozo de si mesmo e do ser amado) ou pelo poder (um exclui o outro), traço do deus Apolo, que tudo controla, submetendo a vida à lei e à forma?" (Pondé)