Lugar para um Corpo

Na instalação, um conjunto de gaiolas é transformado em ninhos e atrelado a uma árvore. Símbolos de aprisionamento e contenção, aqui as gaiolas não apenas estão abertas, retorcidas, escancaradas para o céu, como também tornam-se lugares de aconchego e acolhimento. Em sua produção, Sônia Gomes desenvolve torções, panos, trouxas, patuás, livros, luvas, desenhos, esculturas e instalações que têm o tecido como matéria principal. Texturas e materiais diversos são enrolados, cerzidos, amarrados e preenchidos, conferindo movimento e profundidade às obras. Em “Lugar para um corpo”, um gesto novo se instaura, à medida em que a artista leva suas obras para o contato direto com a natureza. Ela amarra à árvore, com laços, nós e bordados, os ninhos que foram escavados por seu próprio corpo, e faz daquela ação e daquela árvore um lugar para o sagrado. Se sua obra parece advinda de muitas tradições e culturas ancestrais, nesta instalação ela evoca um espírito de pássaro fêmea, que molda seu lugar com o contorno de seu peito, e que constrói sua casa de dentro para fora.