Rembrandt aborda nesta pintura um tema corrente da sua produção artística, a velhice, para o qual também contribuiu com a realização de numerosos autorretratos. Desconhece-se, entretanto, a identidade da figura representada. O rico traje que enverga não fornece indicação quanto à ocupação ou estatuto social do ancião, parecendo antes constituir um adereço pertencente ao ateliê do pintor que o utilizou como elemento de poderoso efeito decorativo.
De grande efeito intimista, a obra concilia a simplicidade formal do gosto holandês com a utilização de colorações quentes à italiana, comuns a outras obras do autor. Realista, expressivo, psicologicamente denso, emocionalmente sugestivo, o retrato revela uma nova forma de narração pictórica, através da qual o espectador é levado a pressentir o espaço espiritual em que a figura é posicionada. Este aspecto é ainda acentuado pela prodigiosa técnica de chiaroscuro desenvolvida pelo pintor.
Tal como Palas Atena, outra tela de Rembrandt adquirida por Calouste Gulbenkian ao Museu do Ermitage em 1930, a obra fez parte da colecção de Catarina II da Rússia.