Retrato do Dr. Joaquim José de Sousa Campos

André-Joseph Bodem nasceu em Paris em 1791. Foi aluno de Reignault, e ao longo da sua considerável produção homenageou todos os princípios do mestre, possuindo, a maior parte das suas obras, um particular tema devocional, tendo adquirido uma grande importância como pintor. As suas pinturas podem encontrar-se em diversas igrejas e capelas, tanto em Paris como na província e alguma produção na América. Expôs, igualmente e, por diversas vezes, entre 1808 e 1831, no Salão de Paris, Para além disto, teve, igualmente, uma carreira como pintor de retratos, desenhador e professor.
A pintura, presente nesta exposição, e pela primeira vez exposta ao olhar do público, representa um homem com traje que denuncia uma moda de inícios do século XIX. Quanto aos aspectos técnicos, denota um excelente desenho e uma preciosa representação de pormenor, visível, por exemplo, na comenda pendente numa fita vermelha da Ordem da Cruz de Cristo.
Na grade do quadro, existe uma inscrição: “Dr. Joaquim José de Sousa Campos médico da Nau Príncipe Real que levou D. João VI ao Brasil”. Apesar desta inscrição fornecer a identificação do retratado, não foi, contudo, possível encontrar o registo do nome do médico, quer na Mordomia-Mor da Casa Real, quer “Nobiliarchia médica”, de Francisco António Martins Bastos. No entanto, levanta-se uma interrogação. Terá este médico sido retratado por Bodem, num possível encontro no Brasil, uma vez que há indicação do pintor ter passado parte da sua vida na América.
O coleccionador, Dr. Anastácio Gonçalves, sempre muito meticuloso no registo das obras que adquiria, indica que foi comprada no dia 15 de Maio de 1959, ao Senhor Campos, de Romeira, dizendo tratar-se da representação de um tio deste.
AAM