Em 1630 Peter Paul Rubens casa com Helena Fourment, filha de um rico mercador de sedas e tapetes da cidade de Antuérpia. A segunda mulher do pintor, trinta e seis anos mais nova que ele, aparece com frequência na sua produção a partir dessa data, quer em composições de carácter mitológico quer em retratos individuais e familiares. Na obra «O Jardim do Amor» (National Trust, Waddesdon Manor, Buckinghamshire), de c. 1630-1932, é parcialmente visível uma figura a meio corpo em tudo idêntica à presente personagem.
A pintura testemunha o virtuosismo técnico de Rubens na materialização das texturas e dos cambiantes do traje de cetim negro, na harmonia equilibrada dos volumes poderosos, na graça das carnações macias, na plasticidade audaciosa e triunfalista das formas. A baixa linha de horizonte acentua a verticalidade monumental da figura, que traja vestido de cetim negro e chapéu de grande aba com pluma de avestruz, de acordo com a moda em voga entre a próspera burguesia da época.
Comum ao conjunto da obra de Rubens é o resultado visual de grande impacto, testemunho de um talento criador maior que marcou na Flandres a afirmação do melhor estilo barroco. A pintura pertenceu no passado à coleção de Catarina II da Rússia.