Representa-se na tela, no interior da sua oficina no Louvre, o ourives Thomas Germain (1673-1748), acompanhado por Anne-Denise Gauchelet, sua mulher. O «Príncipe do Rocaille» foi nomeado em 1723 sculpteur-orfèvre du Roi, categoria assinalada na inscrição constante na carta pousada em cima da mesa: «À Monsieur/Monsieur Germain/Orfèvre du Roy/aux galleries du Louvre/à Paris». Este tipo de figuração, vulgarmente designado por «retrato oficial de artista», de contornos realistas, conserva o sentido de aparato vulgarmente associado ao gosto francês da época.
Algumas das peças representadas na composição podem ser associadas a obras conhecidas do artista, enquanto outras, como o grande gomil sobre a mesa, com asa em forma de serpente, permanecem por identificar. Thomas Germain (mestre 1720) aponta orgulhosamente para um candelabro, que exibe no fuste figuras de sátiros. Este modelo viria a dar origem a uma série de peças idênticas entregues em Lisboa em 1757, com destino à corte de D. José I de Portugal, em remessa enviada pelo seu filho François-Thomas Germain (1726-1791). Ainda na prateleira, um querubim em terracota assemelha-se aos remates das terrinas fornecidas por François-Thomas às cortes de Portugal e da Rússia. Do lado oposto, uma base de querubins em volta de um tronco, em cera, pode constituir uma variante para os já mencionados candelabros. Uma esfinge de gesso testemunha, finalmente, o interesse do ourives pela egiptologia em voga.
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