O mais interessante nesta aguarela é o enfoque compositivo do motivo, valorizando plasticamente as linhas incertas, simultaneamente densas e transparentes, da estacaria que suporta os casebres modestos da estação fluvial. A instabilidade assim sugerida contrasta com a solidez da amurada e o adivinhado torreão da Praça do Comércio, metaforizando o corpo lacustre da cidade. Registe-se também o timbrismo suave da luz de pôr do sol, enrouquecendo a água e acinzentado a atmosfera, num exercício móvel que quase absorve a atenção naturalista do registo. (Raquel Henriques da SIlva)