Anita Malfatti participou de momentos de grande efervecência cultural na Europa, nos Estados Unidos e também no Brasil como a famosa Semana de Arte Moderna de 1922. Seu legado nas artes plásticas, promovido pela revolução da cor e da forma, é sentido até os dias de hoje. Talvez o que passe mais timidamente ao conhecimento do público seja a produção ligada a arte sacra dessa grande artista precursora do Modernismo.
O acervo do Museu de Arte Sacra conta com essa obra intitulada "A Ressurreição de Lázaro" realizada em 1928 para o Pensionato Artístico, que possibilita a Anita estudar na Europa. Uma recente pesquisa realizada pelo IEB-USP revelou cadernos-diários que a pintora mantinha e que apresentam diversos esboços para a realização dessa obra. "A Ressurreição de Lázaro" pode ser interpretada como o próprio resurgimento de Anita Malfatti, após passar por momentos de dificuldades, angústias e percalços - tanto no âmbito pessoal quanto artístico - superados por ela e transcritos em cartas a Mário de Andrade, por exemplo.
Na tela a figura de Lázaro ocupa o centro, diferente do que ocorre nas pinturas renascentistas. Jesus ocupa o lado direito da obra e aponta para o céu e tem feições marcantes e bastante originais. Essa obra de Anita Malfatti é de grandes proporções e tem mais de dois metros de altura.