- 16-
CAROLINA MARIA DE JESUS
Nasceu no interior de Minas Gerais, em 1914, numa
família de 9 irmãos. Tendo que trabalhar para ajudar no
sustento da casa, cursou apenas até o segundo ano prima-
rio.
do
Mudou-se para São Paulo e, morando na favela
Caninde, garantia seu sustento e de seus três filhos ca-
tando papel. No meio desses papéis velhos, Carolina en -
controu uma caderneta e passou a registrar, em forma de
diario, o seu cotidiano de favelada.
Descoberta por um jornalista, em 1960, teve seu
diário publicado com o título " Quarto de Despejo ", ho-
je em sua 10a. edição.
Prefaciado por Alberto Moravia, conhecido escri -
tor italiano, " Quarto de Despejo " foi traduzido para
13 idiomas e impressionava o mundo pela força de sua nar
rativa e pelo depoimento que retratava a fome e a misé -
ria dos favelados.
Em 1961, o livro teve seu texto adaptado para 0
teatro por Edi Lima e encenado no Teatro Nidia Lícia, no
mesmo ano.
Enquanto no Brasil Carolina era considerada un fa
to folclórico, seu livro era comentado pela imprensa in-
ternacional, sendo várias de suas páginas transcritas na
revista americana "Life" e na francesa "Paris-Match''.
Em 1977, ao ser entrevistada por jornalistas fran
ceses, Carolina entrega-lhes os apontamentos biográficos
onde narra sua infância e adolescência marcadas pela po-
breza e discriminação racial. Em 1986 esses apontamentos
- 17 -
são publicados sob o título de " Diário de Bitita", pela
Editora Nova Fronteira.
Antes desses apontamentos, Carolina publicou ainda
os seguintes livros: "Casa de Alvenaria". "Provérbios"
e" Pedaços da Fome ".
Carolina morreu em 1977. na mais completa miséria.