“Desde 2005, mergulho no corpo a corpo dos bailes com o povo funkeiro. Resgato a memória desses encontros, os desejos sublimados em imagens, desenvolvendo uma pesquisa deste acervo que retrata a juventude carioca do início do século 21. Nas músicas: guerra, traição, sexo, amor e todas as transgressões explicitadas... Em contraste com as letras do rap, baile de favela é lugar de disciplina, respeito ao outro, momentos de dignidade reencontrada, de orgulho, de criações coreográficas coletivas. O Baile Funk de favela representa o exercício da liberdade de expressão absoluta de um povo política e economicamente oprimido, o Rio de Janeiro que sobrevive com salário mínimo, ou menos. Nos bailes do ‘asfalto’, as letras são censuradas ou estão em versão light, mas as atitudes são mais permissivas... Desprezados pela elite, os Bailes Funk constituem o principal espaço para o mix social, atraindo centenas de jovens da cidade inteira. Para muitos dos funkeiros, o Baile não representa apenas diversão, mas uma necessidade vital, um direito cultural. O chamado da batida do Funk é tão poderoso que nos faz até arriscar a vida para vivenciá-lo. 2014-2016 : A cena funk carioca está dizimada, a maioria dos bailes proibida, equipes de som destruídas a golpe de ‘caveirão’. O Baile Funk sobrevive nas memórias e nas imagens, fez florescerem cenas poderosas em outras periferias das capitais do Brasil. No Rio de Janeiro, espera-se por tempos melhores, a cena renascerá das cinzas e da repressão, como sempre acontece.” Vincent Rosenblatt Instalação multimídia. 250 imagens, dupla projeção e uma evocação sonora (20min).