S.M. (Santa Maria)

As iniciais do título cifram o nome do paquete turístico Santa Maria, desviado por Henrique Galvão para chamar a atenção da comunidade internacional para a situação política portuguesa. Com esta pintura abre-se um novo momento na arte portuguesa. O episódio é narrado por alguns signos organizados em estrita grelha ortogonal, correspondendo o centro óptico com o centro da pintura, e dispostos sobre um fundo verde-água diluído e agitado. Sobre ele e a partir das três cores primárias, as formas são desenhadas em alçado, planta ou corte, trazendo uma síntese informativa muito eficaz. A imagem assume o seu valor sígnico o que lhe permite funcionar como uma escrita e narrar episódios, imprimindo à pintura um valor de registo aberto ao mundo e às suas contingências. Signos gráficos confundem-se com outros signos visuais, articulando-se com a dimensão de escrita pictográfica que a pintura de Joaquim Rodrigo experimentava. (Pedro Lapa)