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Autorretrato

Iberê Camargo1943

Fundação Iberê

Fundação Iberê
Porto Alegre, Brasil

"De traje impecável, aparece Iberê em um óleo de 1946, dois anos depois de finalizada a experiência do Grupo Guignard. A paisagem, inverossímil e exótica, de altos cumes nevados, combina com o branco da vestimenta, acrescenta um ar de enigmática sofisticação à cena. O artista, como herói boêmio, elegante ou torturado, brinca com a dinâmica do autorretrato no tempo, de uma identidade pictórica que evidencia o momento psicológico. Até poderíamos supor que este retrato tenha sido concebido para funcionar dentro da esfera da memória privada."
HERRERA, María José. Iberê Camargo: um ensaio visual. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009. p. 15.

"[...] em 1943, já no Rio de Janeiro, Iberê pinta um autorretrato, o mais despojado dos muitos que deixou. Certamente não é o único desse período, quando insiste em pintar a si mesmo, talvez para se reconhecer como artista. Aos 29 anos, é um homem bonito. Vestindo camisa e paletó brancos, tem o rosto escanhoado, feições delicadas e o olhar incisivo. Como pintor está sob a influência de Guignard, influência notável na precisão do desenho que, com poucos traços, define a face, insinua o traje e a paisagem ao fundo. Linhas finas e negras acentuam certos contornos, numa clara reminiscência do grafite duro usado pelo mestre. O desenho é limpo, sem retoques. A composição, meditada: um eixo vertical divide o quadro em duas metades. O contraste entre as partes se dá pela oposição entre zonas luminosas e zonas escuras. Por trás da cabeça, o campo da esquerda é preenchido por gradações de cinza; enquanto, à direita, a sugestão de picos nevados favorece a gama dos brancos, numa alusão à visão sublime das altas montanhas, tão cara ao romantismo alemão. No rosto, a situação se inverte, com a luz incidindo sobre o lado esquerdo, o lado direito fica na sombra. Essa polaridade, ainda que sutil, pode ser tomada como metáfora do confronto entre razão e emoção, aqui resolvido com equilíbrio.
[...] No quadro descrito acima, a firmeza com que o retratado fita o observador faz supor uma resposta positiva perante a vida. Há um quê de voluntarioso em seu olhar, há uma elegância procurada no traje, indícios de um desejo de afirmação social, de amor próprio. [...]"
MILLIET, Maria Alice. O “outro” na pintura de Iberê Camargo. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2012. p. 10-11. (Observar notas na fonte).

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  • Título: Autorretrato
  • Criador: Iberê Camargo
  • Data de criação: 1943
  • Local de criação: Rio de Janeiro, RJ
  • Dimensões físicas: 50,1 x 46,1 cm
  • Direitos: © Fundação Iberê Camargo
  • Meio: Óleo sobre tela
  • Registro: P059
  • Foto: © Fábio Del Re_VivaFoto
  • Coleção: Acervo Fundação Iberê
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