"[Este autorretrato] registra um lugar real e evidencia a influência da escola de Guignard. Os traços de Iberê e a paisagem local envolvida no 'nacionalismo lírico' próprio de Guignard, falam da brasilidade do retratado. Paisagens, figuras e cenas de interiores daqueles anos, também mostram o interesse de Iberê por encontrar os traços de uma identidade nacional. O tema, instalado nos debates culturais da Semana de 22, projetou-se no tempo até a segunda fase modernizadora com a geração dos anos 30."
HERRERA, María José. Iberê Camargo: um ensaio visual. Porto Alegre: Fundação Iberê Camargo, 2009. p. 15.
"Os retratos de Guignard são pura exterioridade, banhados por uma luminosidade cálida. Num belo auto-retrato Iberê procura se colocar no espaço guignardiano; o resultado transmite uma certa tensão, um disfarçado desconforto. Ali onde Guignard cria um apaziguamento Iberê sente uma catarse. Aquele mundo raso de Guignard não é o lugar que Iberê vai habitar. Ali só se demorou para aprender. Guignard não satisfaz, nada parece pacificar um inquieto. Guignard e depois Lhote, De Chirico - os mestres instrutores de Iberê - são etapas que não configuram influências, apenas o itinerário do ofício de pintar e da revogação do sentimento interno de incultura que devia existir, apensar da absoluta convicção de seu destino artístico."
VENÂNCIO FILHO, Paulo. Iberê Camargo: desassossego do mundo. Rio de Janeiro: S. Roesler: The Axis Instituto Cultural, 2001. p. 19.