A obra foi provavelmente exposta no Salon de Paris de 1777 como par de «O Astrónomo», também pertencente à Coleção Calouste Gulbenkian. As duas pinturas, em formato oval, apresentam semelhanças evidentes do ponto de vista formal.
Para a identificação da figura contribuiu o testemunho decisivo de Gabriel de Saint-Aubin (1724-1780), artista que, em anotação à margem da entrada nº 17 do catálogo da referida edição do Salon, fez menção a «Deux portraits sous le même numéro … dont ce lui de l’auteur». A outra obra mencionada por Saint-Aubin reporta-se à citada representação de «O Astrónomo».
Lépicié esteve particularmente à vontade no retrato realista que, com as cenas de género, fez a sua reputação. O tranquilo intimismo da composição inscreve-se, por sua vez, na melhor tradição francesa da época e denota a influência de Jean-Siméon Chardin. O novo estatuto das artes e a tendência para integrar o homem no seu universo quotidiano explicam a difusão de retratos de artista «ao natural», categoria na qual esta obra se inscreve.