Imagens de uma religiosidade fervorosa, aparentemente exacerbada pela catástrofe decorrente do grande Terramoto de 1755, os painéis de azulejos denominados "registos", simulando pinturas e construções retabulares, pontuaram não só as fachadas de igrejas, capelas e ermidas, mas também edifícios particulares, que assim procuravam encomendar proteção contra os desastres naturais e desgraças daí decorrentes. Através deles, o espaço laico das ruas das cidades transforma-se, tornando-se, em permanência, local de devoção e oração. Caso raro de utilização de um tom púrpura violáceo num "registo" é o Santo António, que simula uma escultura na sua peanha de talha dourada. Singular na forma, desconcertante no predomínio e contraste do branco face à rara dominante púrpura, este é um dos "registos" mais invulgares que se conhecem. Produção de Lisboa.